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segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Venda de jornais cresce 7 vezes mais do que a população

Ótima reportagem de Marli Ribeiro, "O Estado de S. Paulo" de 4 de agosto, com base em dados do Instituto Verificador de Circulação, revela que a venda diária dos principais jornais do País, no primeiro semestre deste ano, cresceu 8,1 por cento em relação à vendagem registrada em igual período de 2007.
Como a taxa demográfica brasileira, de acordo com o IBGE, é de 1,2 por cento ao ano (dois milhões de nascimentos), pode-se praticamente concluir que a compra dos diários nas bancas e através de assinaturas avançou sete vezes mais do que o aumento do número de habitantes. Este índice é fundamental, sob todos os aspectos: significa que o hábito de leitura subiu, que os jornais não foram substituídos pela internet, como alguns chegaram a pensar tempos atrás, e que o nível do mercado de informação evoluiu sensivelmente no campo da linguagem escrita.
Os números são essenciais para a comunicação política, para a divulgação administrativa dos governos, também para as injeções publicitárias do comércio, da indústria, do setor de serviços. Sem dúvida, as edições jornalísticas, principalmente, saíram-se muito bem naquilo que se supunha poderia se tornar um conflito entre o visual e o impresso, mas que se transformou, como os fatos provam, uma adição com vantagem para todos os meios. Sobretudo para os leitores, telespectadores, internautas, ouvintes de rádio.
Fiquei satisfeito porque mais de trinta anos atrás, ainda no "Correio da Manhã", sustentei que os meios de comunicação se completam e se aglutinam em torno da opinião pública, portanto em torno de todos nós. O meio nem sempre é a mensagem. O conteúdo dela é que garante sua penetração e aceitação.
Não quero com isso, de maneira alguma, desmerecer a obra notável de Marshall McLuhan sobre a comunicação, na década de 50. Extraordinário pensador, cuja força maior inclusive repousava na simplicidade e na clareza. Extraordinária a divisão que fez da história entre a era do relato e a era do registro. A primeira prevaleceu até 1442, quando Gutemberg inventou a imprensa e produziu a primeira edição completa da Bíblia, reunindo o Velho Testamento (judaico) e o Novo Testamento (cristão).
Se nós considerarmos os dois momentos mais dramáticos da história da humanidade, a crucificação de Jesus Cristo e o nazismo, nos deparamos com a diferença essencial: a crucificação é um relato. Depois vieram a televisão e a internet. Mas estas são outras questões. Vale frisar, apenas, quanto a McLuhan, quanto a Marx, Freud, Hegel, Einstein, Sartre, que ninguém pode acertar todas as coisas sempre, ao longo de todo tempo. O ser humano é falível.
O instrumento de comunicação, por si só, não é a mensagem, penso eu. Ele está sobretudo no conteúdo. "O meio é a mensagem" foi a frase de McLuhan. O fato é que os jornais avançaram no Brasil sete vezes mais do que o crescimento da população. Por que isso? Por dois fatores: pela comunicação direta, de fácil acesso, não necessitando de aparelhos, e pelo campo de análises que focalizam e são o seu ponto mais forte. A televisão e o rádio são básicos, porém são veículos panorâmicos. Excitam, mas não satisfazem. A satisfação está no texto impresso.
A internet é insuperável na pesquisa, mas ler textos na tela é uma coisa. Ler nas páginas dos jornais, outra. Isso porque a leitura é também um exercício tátil. Tanto é que, ao se alcançar o resultado de uma pesquisa na tela da informática, por exemplo, o que se faz? Imprime-se a matéria. Sai da internet e passa para o papel. Quanto à televisão e ao rádio, são veículos extraordinários e imediatos, mas deixam sempre a sensação de que aquilo que transmitem, não podendo ser arquivados, podem escapar de nosso controle. Podemos ouvir mal, perceber pior.
Relativamente aos jornais, temos a certeza de que as palavras não fogem de nós. Podemos reler os textos quando quisermos. Basta compulsar as páginas, para os menos jovens colocar os óculos. Isso de um lado. De outro, nos informa Marli Ribeiro, que os principais jornais do País estão vendendo hoje 4 milhões e 390 mil exemplares por dia. Um no atrás a venda diária era de 4 milhões e 62 mil. Daí o crescimento de 8,1 por cento. Porém, 4 milhões e 390 mil jornais não são o total de leitores. A média por exemplar oscila em torno de 3 leitores.
Um jornal não é lido por uma pessoa só, é claro. Assim, vamos encontrar, na imprensa escrita, como se costuma dizer, um universo diário de 14 milhões e 170 mil leitores. Esta soma cresce, inclusive, dependendo da força dos fatos que ocorrem e portanto do impacto que produzem na sociedade. Não só no Brasil, mas no mundo todo. Agora, para citar um exemplo, a leitura dos jornais cresce acentuadamente em função das Olimpíadas de Pequim. É natural.
É natural também que nenhum meio de informação e comunicação substitua o outro. O cinema não acabou com a fotografia. O rádio não abalou a imprensa. A televisão não diminuiu a audiência de rádio em lugar algum. A internet não ocupou o lugar dos jornais e das revistas. Todos possuem uma força enorme.
Vejam a importância do rádio, que começou no Brasil em 1922. Ele incorporou a população analfabeta e de menor instrução ao processo informativo e opinativo, popularizou o futebol e a música. Os jornais, a fotografia, o rádio, o cinema, a televisão, a internet são degraus insubstitutíveis da aventura humana. Eternamente elástica. Que assim seja, sempre com liberdade. Amém, como costumava dizer Nelson Rodrigues.
(Fonte - Tribna da Imprensa - Pedro do Couto)